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Problemas financeiros podem impactar na saúde mental da população?

A pandemia trouxe diversos desafios para a sociedade, questões sanitárias, emocionais e ampliou uma crise socioeconômica que afeta diretamente a saúde mental de todos. Com o crescente desemprego, diminuição do poder de compra e consequente endividamento, seis em cada 10 pessoas relatam que tiveram impactos na saúde mental por causa das dificuldades financeiras, segundo levantamento da plataforma Acordo Certo, maior empresa online de renegociação de dívidas do Brasil. Entre os problemas citados estão alterações de humor (72%) ou sono (71%), além de ansiedade (67%) e baixa produtividade nas tarefas do dia a dia (62%). A problemática é também reforçada pela healthtech Zenklub, uma plataforma de saúde emocional e desenvolvimento pessoal, que registrou aumento de 230% na quantidade de citações sobre a vida financeira nas sessões de terapia realizadas por brasileiros em 2020, em comparação com o ano anterior.

O Brasil tem mais de 14 milhões de desempregados, o que fez dobrar o ritmo de criação de empregos informais, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para cada 10 ocupados, 4 são informais. E mesmo os que concluíram ensino superior na expectativa de aumentar a renda acabaram na informalidade, subutilizados ou desempregados numa economia que cresce pouco.

Especialistas mostram que problemas financeiros podem acarretar distúrbios emocionais que impactam a saúde mental das pessoas e são esses distúrbios que podem acabar gerando pensamentos e comportamentos suicidas. Apesar de não poder afirmar que problemas financeiros estão diretamente ligados a taxas de suicídio, alguns estudos e dados estatísticos levantados por pesquisadores levam a concluir que pode existir uma relação. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, por exemplo, quase 80% dos suicídios cometidos mundialmente são reportados em nações de baixa e média renda. Além disso, um estudo publicado em 2013 pelo British Medical Journal reuniu as estatísticas de 54 países e mostrou que, em 2009, foram registrados 4.900 suicídios a mais do que a média registrada nos últimos anos. Coincidentemente ou não, o aumento desse índice ocorreu meses depois da crise econômica global de 2008, que afetou a vida financeira de milhões de pessoas.

É muito comum vermos a associação da depressão como uma consequência do endividamento. Porém, o contrário também acontece. Também é comum que pessoas com depressão ou emocionalmente fragilizadas usem as compras e os gastos excessivos como válvula de escape para sentimentos negativos. Ou que, devido às dificuldades emocionais, tenham dificuldade de manter a sua renda e, por isso, acabem se endividando. Nesse momento é que pode ocorrer o risco de entrar no círculo vicioso sem nem mesmo perceber e sofrer com o efeito "bola de neve", do qual é muito mais desafiador sair.

Especialistas destacam que as pessoas estão buscando ajuda para administrar melhor sua situação financeira, buscando diminuir a carga de juros e o valor do endividamento. Pesquisas mostram que a faixa etária dos 45 a 60 anos tem os números mais expressivos, com 77% que fazem planejamento financeiro. A de 29 a 45 anos também tem interesse com 68%.

Com tais dados é possível identificar que saúde mental e saúde financeira estão, sim, intimamente ligadas e que é preciso estar atento a isso para manter o controle sobre a própria vida. O fundamental é encontrar um ambiente seguro onde você possa falar sobre dinheiro, sobre suas dificuldades de lidar com ele e refletir de que forma a sua saúde mental é afetada por essas questões.


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