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Medo do retorno ao trabalho presencial

Com o avanço da vacinação no país, a tendência é que as pessoas comecem a retornar às suas antigas atividades, como o trabalho presencial, as aulas escolares e diversas outras atividades que necessitam do contato com mais pessoas. Após mais de um ano e meio de pandemia é comum que algunas pessoas tenham o sentimento de medo no momento do retorno ao trabalho e outras atividades.

Esse deverá ser um dos maiores desafios para as empresas a partir de agora. Quem vai retornar ao ambiente de trabalho? Todo mundo? Uma parcela menor? Vai haver uma combinação de trabalho em home office e presencial? Quantos dias por semana? A verdade é que muitas organizações têm se debruçado sobre esse tema. Por quê?

Dados internacionais apontam que ao menos 20% dos empregados estão sofrendo com o que está sendo chamado de FOGO, sigla em inglês para fear of going out, ou, em português, medo de sair de casa.

Esse dado reflete muitos sentimentos vividos pela maior parte das pessoas desde que a pandemia começou: solidão por causa do isolamento social, luto pela morte de familiares e amigos, dificuldade financeira, filhos em educação virtual e medo de contrair Covid-19. Tudo isso levou ao enorme crescimento de três problemas de saúde mental: depressão, ansiedade e consumo de bebidas alcoólicas.

O trabalho em home office, por outro lado, trouxe para a maioria a segurança de conseguir dar conta do trabalho sem o risco de estar num ambiente muitas vezes repleto de pessoas como são os escritórios e coworkings. Mas a pergunta atual é, como lidar com quem tem medo de voltar ao trabalho presencial?

O novo modelo de trabalho home-office trouxe demandas diferenciadas, na maioria das vezes muito maior do que as pessoas tinham no presencial, porém também facilitou os gastos de dinheiro e tempo de deslocamento. O medo atual das pessoas é readaptar essa nova realidade, a antiga rotina e ainda ter que lidar com todos os protocolos de segurança e o medo de levar a doença para sua casa. Tudo isso gera ainda mais ansiedade nas pessoas que ainda não possuem uma certeza de como o mundo irá ficar.

Outro termo utilizado no exterior para expressar esse medo é o FORTO (“fear of returning to the office”). Esse termo descreve o medo de retorno ao trabalho, que traz outros temores: o de se contaminar e de voltar a socializar. Os psiquiatras explicam que os sintomas são parecidos aos de exposição a uma fobia. A pessoa não consegue dormir na véspera de ir ao escritório, passa mal, tem dor de barriga, dor de cabeça, taquicardia, sudorese, falta de ar.

Outro problema a ser enfrentado é o desafio legal. No Brasil ainda não existe uma legislação que resolva essa questão do retorno obrigatório ao presencial de forma muito precisa. O que existe é um prazo para retorno de mudanças de regime de trabalho. A CLT estabelece um mínimo de transição de 15 dias. E é preciso olhar para o que foi pactuado no início da relação de trabalho. Se o regime original em contrato for o presencial, o empregador pode exigir o retorno. O mais recomendado é que as empresas sejam conscientes e planejem um retorno gradual, negociando com o empregado a melhor forma de retorno, dentro das possibilidades de cada serviço.

No retorno ao modelo presencial, as lideranças precisarão estar ainda mais atentas à saúde mental de seus empregados, porque os líderes são as pessoas mais capacitadas a identificar possíveis mudanças de comportamento nos seus liderados e sugerir que busquem ajuda médica para resolver aquele problema.

A comunicação com os empregados deverá ganhar ainda mais importância. Mais do que nunca, as mensagens vindas da organização com relação aos protocolos de segurança e a possíveis novos modelos de trabalho terão de ser claras. É muito importante que os colaboradores se sintam ouvidos por seus líderes.

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